Ainda não passou sequer um ano desde que conheci a música dos Kamelot, mas não foi isso que me impediu de os ir ver a Madrid no passado dia 4 de Abril.
800 pessoas aguardavam, numa sala Heineken esgotada, um espectáculo que prometia. Para apoiar a banda norte-americana estavam agendadas as actuações dos austríacos Serenity (cujo espectáculo teve, infelizmente, de ser cancelado devido a uma infecção contraída pelo vocalista na garganta) e dos holandeses Delain.
Coube então ao quinteto dos Países Baixos a responsabilidade de aquecer o público espanhol (e os três grupos de portugueses que lá se encontravam =p), e a verdade é que conseguiram. Certamente que mesmo os que fossem mais críticos em relação à música (e não me parece que tenha havido algum), não puderam ficar indiferentes à vocalista Charlotte Wessels que, para além de ter uma voz extremamente agradável, já deve ter feito suspirar muito boa gente.
A banda fundada por Martijn Westerholt, ex-teclista dos Within Temptation, tocou 4 músicas do seu novo álbum, April Rain, e duas do seu antecessor, Lucidity, sendo que The Gathering, tema com que encerraram a sua actuação, foi gravado com a participação de Marco Hietala, conhecido baixista e vocalista dos finlandeses Nightwish – estão, portanto, bem apadrinhados.
Os Delain puxaram pelo público, e o público respondeu. Muitos saltos, muito abanar de capacete, aplausos… pode-se dizer que nuestros hermanos sabem como dar ambiente a um concerto (passe o inconveniente de às vezes não saberem quando é altura de estarem calados).
Seguiram-se cerca de 40 minutos de espera para a organização preparar o material da banda que todos aguardávamos impacientes. Mas, felizmente, pontualidade foi o que não faltou.
Após uns primeiros momentos de introdução instrumental, eis que os Kamelot entram em palco com o riff contagiante de Rule the World, single do seu mais recente álbum Ghost Opera. Público reaquecido e toca a manter o ritmo. Somos brindados de seguida com When The Lights Are Down, Soul Society e Center of the Universe, que pouco espaço dão para descansar dos ritmos acelerados.
Entretanto, os intentos do vocalista Roy Khan de puxar por «MADRIIIIIIIIIDDD» eram bem correspondidos pela plateia.
The Pendulous Fall, tema tirado da segunda edição de Ghost Opera (Ghost Opera: The Second Coming), permitiu recuperar o fôlego mantendo um pouco do peso das músicas iniciais, seguindo-se-lhe Anthem, que Roy explica ter sido escrito para o seu filho de 6 meses antes de completarem as gravações do álbum – e , infelizmente, foi durante esta balada, que pouco mais tem que voz e teclas, que um desgraçado de um espanhol se pôs a falar em altos berros com outro que estava ao meu lado… era caso para citar o rei Juan Carlos com o seu ¿Por qué no te callas?, mas adiante…
O alinhamento prosseguiu com Moolight e com uma jam session instrumental (uma surpresa), em que o vocalista teve direito a uns minutos de descanso e cada um dos restantes músicos teve o seu momento de glória.
As teclas de Oliver Palotai deram o mote para The Human Stain, mais um single do último trabalho da banda, que antecedeu The Haunting (Somewhere In Time), tema que na sua versão original conta com a participação de Simone Simons, vocalista dos holandeses Epica – cujo nome, curiosamente, é retirado do álbum homónimo dos Kamelot.
Antes de Oliver Palotai poder ter as atenções todas centradas em si, com mais um momento a solo, ainda pudemos ouvir Eden Echo, outro dos temas que compõem o alinhamento de Ghost Opera.
Já a caminho do fim, o guitarrista Thomas Youngblood tocou as notas iniciais daquele que seria o momento da verdade para os fãs. Em Forever, Roy Khan fez o tradicional duelo vocal com o público que, diga-se, mostrou-se bem à altura do desafio, tendo inclusivamente Roy tido alguma dificuldade em conseguir fazer-se ouvir por entre as vozes da plateia quando estava a apresentar os membros da banda.
Chegava assim ao fim a actuação principal do grupo, a que se seguiram 2 encores (o que já vai sendo raro nos dias que correm, infelizmente):
1.º encore – Ghost Opera e Love You to Death, ambas do último álbum – sendo a segunda uma poderosíssima balada –, concluíndo com Karma, tema que recupera os ritmos rápidos e cuja quebra de tempo dificulta o acompanhamento ao cantar, mas que nem por isso tem menos força.
2.º encore: o obrigatório March of Mephisto – com a gravação da voz diabólica de Shagrath, vocalista dos Dimmu Borgir, banda norueguesa de Black Metal – deu por terminado um concerto onde não faltaram interpretações teatrais, um espectáculo visual bastante bom, tendo em conta as reduzidas dimensões do palco, e uma interacção com o público que deixa muita vontade de regressar a um espectáculo com estes 5 senhores do metal.
Fica aqui o vídeo oficial de Rule the World.